Quando Agosto começa, junto com ele sempre vem o gosto do fracasso. Sempre o gosto amargo, de que poderia ter feito algo melhor até aquele momento. De que poderia mesmo, de qualquer forma possível, ter tornado tudo melhor. Mas é só fracasso, melancolia, perdas e, por aí vai. Alguém já disse uma vez: “Parece cocaína, mas, é só tristeza”. Talvez as coisas funcionassem melhor apenas com cocaína. Ninguém é tão feliz e, ninguém é tão triste. As coisas são sempre equilibradas. Bom, ao menos é assim que tem que ser, difícil é tornar tal pensamento real. As portas e janelas de casa estão fechadas e, mesmo assim, ainda venta tão frio. Fora, dentro. E é muito claro que ninguém tem o direito de julgar o que acontece do lado de fora e dentro de alguém, ou, de alguma coisa. Pode ser inverno aqui e primavera em outro lugar. Pode ser tanta coisa que esse tanto ainda é tão pouco. O mal das pessoas é de tornar concreto qualquer sensação ou sentimento. Nós temos a capacidade de tocar com as mãos as nossas sensações ruins, as tornando piores. Assim como sensações e sentimentos bons. Mas, no final, tudo isso é muito ruim. As sensações e sentimentos devem ser sentidos apenas na forma que eles nos cumprimentam. São como visitas, se não damos a elas a devida atenção, elas vão embora com mais pressa. Quando Agosto começa, junto com ele vem uma vida toda. E posso dizer: muitas coisas são realmente desanimadoras. Agosto sem flores, sem sol e, sem chuva. Agosto sem muito a dizer, sem muito a oferecer. Agosto com gosto de vazio. Desgosto. Quando é que Agosto termina?