terça-feira, 17 de novembro de 2009

O que pode ser.

– É o sentimento bonito que vai crescendo dentro da gente, e quando nos damos conta da imensidão, ele já transbordou e contagiou muitos ao redor. – Disse ele com os olhos levemente marejados. Aquelas palavras ficaram dançando na minha cabeça a noite toda. Sem muitas perguntas, sem minhas explicações e sem me despedir, decidi ir dirigindo até uma outra praia mais distante. Talvez para pensar, chorar, entender o motivo ou prazer tão cruel que pessoas tem de dizer palavras não-verdadeiras. Ou, talvez para sentir o que sempre gostei de sentir, o silêncio. – Ao menos este não sente prazer em nos desorientar, ao contrário, nos torna pessoas sábias. Fiquei esparramada na areia, de frente para o mar, mas em uma distância onde apenas os pés o pudessem sentir. Suave e tranqüilo. Cantei baixinho quase o álbum Pink Moon inteirinho, mas “which will” era a que se encaixava perfeitamente naquele exato momento. Fui, aos poucos, deixando tudo para trás. Mágoas, rancores desnecessários para a alma e ao coração, palavras não-verdadeiras que ainda guardava e que, me doíam. Ainda me doíam muito. Mas, o momento me tornou livre outra vez. Resolvi então, depois de um bom tempo encontrado, levantar. Carreguei comigo, sem prever, um bocado de areia que abraçava o meu corpo. E também aquele sentimento de alívio por ter feito algo bom por alguém, por mim. Entrei no carro e voltei a rodar. Deixei tudo para trás, e pensei: “É o sentimento bonito que vai crescendo dentro da gente, e quando nos damos conta da imensidão, ele já transbordou e contagiou muitos ao redor”. Faladas agora, tornaram-se verdadeiras.