Estamos todos sozinhos. Em cada parte do mundo, em cada parte da cidade, em capa parte do próprio corpo, que é onde mais se sente e ultrapassa as barreiras da dor. Foram alguns muitos anos passados, desenhados, contornados, amargurados e por aí vai muitos outros ‘ados’. Dá para lembrar dos momentos em que as moradias eram seguras, onde os braços em que deitava e adormecia, eram esses realmente, seguros. Depois que esses momentos ficam para trás, e a idade já não cabe na contagem de mãos e pés juntos, sofremos cada vez mais; Por amar, por perder, por sonhar e não realizar, por crer em deuses mudos, por não poder falar, por falar demais, por sufocar, por não saber explicar e querer gritar, por duvidar, por não confiar, por confiar e por amar ainda mais e mais um pouco. Se pensarmos que estamos bem, mentimos. Mas, se pensamos que estamos ruins, mentimos ainda mais. E tudo isso, devemos a quem? Nós, sozinhos. Sozinhos nos ferem os próprios pensamentos, nos nocauteiam os próprios atos, até nos fecharmos por completo e por tempo indeterminado; Mesmo sabendo que em cada parte do mundo, em cada parte da cidade, em cada parte do próprio corpo, que é onde mais se sente e ultrapassa as barreiras da dor, existe alguém que te dê segurança e te mostra que toda e cada lágrima que deixamos rolar é completa bobagem. Sabemos, mas não falamos. Não sabemos falar.
Mas ainda acredito que:
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
Carlos Drummond de Andrade.