terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Desconhecido.

Caminhando no silêncio de uma companhia inteiramente vazia, talvez a própria. Perfurando nuvens com pensamentos negros e enriquecidos de tristeza limpa. Tem o tempo que seguiu com passos corridos e o tempo que já estava lá, dizendo adeus aos que puderam chegar até onde deveriam estar. Com mãos segurando firmemente umas nas outras, vai deixando avermelhados os de pele mais clara que a dele. Mãos que deslizam pelos rostos molhados em uma mistura de lágrimas e desabafo.

Correu por entre ruas e amontoados de flores espalhadas pela cidade, que de tão iluminada, queimavam os olhos dos que ainda podiam enxergar algo de bom e sincero em tudo o que existe. Abraçou o próprio corpo enquanto se deixava levar pelo som que penetrava nos ouvidos, não sabendo por onde permanecer ou por onde amanhecer. E não queria saber. Fazendo de lugares absurdos sua moradia mais segura.

Almas vazias, almas tristes, almas intensas, almas doentes, almas eternas, almas apaixonadas, almas amadas, almas termináveis, almas iluminadas, uma junção de pétalas que dão forma à flor mais bela forrada de espinhos. Tão incrivelmente forte e humana. Alimentada por tudo o que já viu e sentiu.

Ultrapassou pensamentos e ideais, foi muito além do que um dia esperou. Criou asas com o forte vento que veio chegando e deu-lhe a oportunidade de poder viver a felicidade que caminhava do lado oposto, e sorriu.

Sorriu por entender que a felicidade é projetada para que outro a possa ter, e que não necessitava ter o que tantas outras pessoas tinham, era como se ele as tivesse, também. Mesmo estando inteiramente só, abraçado ao próprio corpo, enquanto o coração pulsa mais forte do que de costume. Continuou sorrindo, e sorrindo continuou.