Eu deixei as unhas crescerem e os cabelos cair... Deixei que o chão se abrisse diante dos olhos de todos. Deixei o coração queimar em cores jamais vistas, e por começo, deixei as janelas abertas para que o fluxo se mantivesse. Eu deixei uma mãe dizer o que pensava, e pensava demais por saber que ali dentro já havia tudo aquilo correndo nas veias, e corria demais. Eu deixei o perdão pra depois e percebi que se você deixa o perdão pra mais tarde, é provável que não queira mais perdoar, e acaba por mergulhar em mágoas. Eu deixei a musica alta se espalhar pela casa enquanto dançava sozinha, tentando esquecer que em outro lugar nada distante havia outra pessoa tentando esquecer as mesmas coisas que eu. E isso queima. Queima em cores jamais vistas. Eu deixei mensagens e telefonemas para trás, deixei sorrisos que ainda guardava, virarem imaginação. Deixei de mentir em vida real pra me enganar em sonhos, deixei lealdade e sinceridade me tomarem conta e consegui torná-las em algo ruim. Eu deixei todas as estrelas despencarem ao meio dia, em meio ao dia em que todas essas estrelas deveriam brilhar um pouco mais. Eu deixei a desejar um pouco mais de vida em minha própria, é verdade... Eu deixei, mas ainda não se encaixa no passado... E por fim, deixo um recomeço.
( . . . )
". . . Algum dia eles encontrarão seu mundo de
cidade pequena, numa avenida de cidade grande . . .